Roda de conversa debate a participação feminina no trabalho, no meio acadêmico e seus desafios
Os desafios na busca por mais igualdade de gênero no mercado de trabalho, além dos avanços já conquistados, foram os principais temas abordados no evento “Mulheres Arretadas: Força e Inspiração que Transformam o Mundo”, na tarde da última quinta-feira (13), no SENAI Pernambuco. Um time de mulheres, líderes e referências em suas respectivas áreas de atuação, debateu o tema com colaboradoras do Sistema Fiepe e o público externo, que também contribuíram com suas perspectivas.
O encontro, uma parceria entre o SENAI (por meio do Projeto Pacto Global) e o PMI PE (Project Management Institute, associação sem fins lucrativos para a profissão de gerenciamento de projetos, educação e pesquisa), através do PMI Girl, celebrou o Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março. Participaram do debate a diretora regional do SENAI-PE, Camila Barreto; a secretária de Projetos Especiais do Recife, Marília Dantas; a secretária executiva da Mulher do Recife, Silvana Valdevino; e a pesquisadora sênior do Instituto Senai de Tecnologia em Meio Ambiente, Fátima Brayner. A mediação ficou a cargo da coordenadora de gestão de projetos do SENAI, Tarciana Gomes.
Camila Barreto, primeira mulher a comandar o SENAI Pernambuco, destacou que o ambiente industrial é majoritariamente masculino, inclusive entre os alunos que buscam formação técnica na instituição. Por isso, são desenvolvidas diversas iniciativas para estimular a participação feminina. “Oitenta por cento dos nossos alunos são meninos. Começamos esse trabalho olhando para dentro de casa. Esse foi o pontapé para aderirmos ao Pacto Global e começarmos a agir”, pontuou. Ela também mencionou o termo de cooperação técnica com a Defensoria Pública de Pernambuco, que oferece formação profissional para mulheres vítimas de violência doméstica, entre outros públicos atendidos pelo órgão.
Fátima Brayner destacou que as dificuldades enfrentadas pelas mulheres no mercado de trabalho também se refletem no mundo acadêmico. Por isso, defendeu políticas de estado que estimulem e incluam as mulheres em programas científicos. “Tem que ser uma política de estado e não de governo, para que ela transcenda qualquer gestão e seja assimilada pela sociedade.”
Marília Dantas falou sobre a meritocracia. Para ela, é uma palavra difícil de ser colocada em prática quando o assunto é uma posição de liderança. Ela citou, inclusive, sua própria jornada. “Quase todos os líderes que tive foram homens, e eu assumi o primeiro espaço de poder vindo de um homem que me enxergou de forma diferenciada. Talvez outras mulheres tenham passado por situações semelhantes às minhas e tenham feito um trabalho tão bom quanto o meu. No entanto, nem todas tiveram as mesmas oportunidades.”
Silvana Valdevino lembrou que, historicamente, as mulheres foram mais relegadas na formação a profissões relacionadas ao cuidado, principalmente nos setores de saúde e educação. Hoje, no entanto, já há um número significativo de mulheres buscando áreas da ciência e da tecnologia. “Essas questões precisam ser trabalhadas, debatidas e estimuladas nas universidades, na indústria e na gestão pública. Já temos mulheres em posições de liderança, mas é necessário que cada vez mais uma inspire e apoie a outra.”