ISI-TICs: projeto irá monitorar clima, água e ar do Recife
Você já parou para pensar de que forma as novas tecnologias podem ser aliadas das gestões públicas no enfrentamento às mudanças climáticas? Uma nova solução que está sendo desenvolvida por pesquisadores do Instituto SENAI de Inovação para Tecnologias da Informação e da Comunicação (ISI-TICs) irá unir tecnologias como computação em nuvem, internet das coisas (IoT) e predição de dados para monitorar o clima e a qualidade da água e do ar do Recife. A instituição será responsável pela construção das microestações de monitoramento, que serão instaladas às margens do Rio Capibaribe, nas imediações da Zona Norte do Recife, e pelo desenvolvimento de um software, que irá compilar e apresentar as informações em tempo real.
Batizado temporariamente de Áreas de Micro Estação (AME), o trabalho que está sendo desenvolvido pelo ISI-TICs faz parte do projeto-piloto “Micro Estações de Monitoramento do Microclima”, iniciativa capitaneada pela Agência Recife para Inovação e Estratégia (ARIES) que visa oferecer subsídios aos gestores públicos para facilitar o processo de tomada de decisões. Em âmbito nacional, essa ação é uma das frentes do CITinova, um projeto multilateral conduzido pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), que impulsiona a realização de ações alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Ao todo, o instituto pernambucano irá construir três microestações – enquanto uma delas será responsável por acompanhar o clima e a qualidade do ar de uma área do Recife, as outras duas serão utilizadas para monitorar a qualidade da água do Rio Capibaribe. Essas últimas serão posicionadas nas proximidades de um jardim filtrante que será instalado pela ARIES em um trecho do curso de água – a ideia é que elas consigam oferecer informações acerca da efetividade desse projeto inovador, que consiste na utilização de plantas para o tratamento de esgotos e efluentes e, em último grau, para a limpeza do rio.
Para garantir que a solução esteja alinhada às necessidades do poder público, o ISI-TICs realizou workshops com cientistas do clima que atuam na Agência Pernambucana de Águas e Climas (APAC). “Nós pensamos em como poderia ser para essa ferramenta, mas precisávamos nos aproximar mais da realidade. Assim, criamos esses workshops para conversar e entregar o melhor resultado para eles, que poderão utilizar essa ferramenta no futuro”, explicou Ricardo Brazileiro, pesquisador industrial do ISI-TICs responsável pelo projeto. Vale ressaltar que o projeto abre portas para que o Recife consiga atuar de forma mais efetiva no enfrentamento às emergências climáticas, uma vez que, atualmente, o município não realiza a análise de microclima em tempo real.
A proposta é que, até o fim deste ano, o ISI-TICs entregue à ARIES um Produto Mínimo Viável (MVP) capaz de demonstrar como funcionaria a plataforma responsável pela captação e interpretação dos dados coletados pelas microestações. Além disso, a instituição também irá apresentar protótipos funcionais das próprias estações de monitoramento de qualidade do ar, da água e de informações sobre a climatologia urbana. “O produto ainda não estará pronto para o mercado, mas sabemos que se ele for aperfeiçoado e instalado em todas as áreas do Recife, conseguiremos coletar informações importantes sobre o microclima da região”, acrescentou Brazileiro.
Os Institutos SENAI de Inovação
A Rede de Institutos SENAI de Inovação foi criada para atender as demandas da indústria nacional. Ela tem como foco de atuação a pesquisa aplicada, o emprego do conhecimento de forma prática, no desenvolvimento de novos produtos e soluções customizadas para as empresas ou de ideias que geram oportunidades de negócios. Os institutos trabalham em conjunto, formando uma rede multidisciplinar e complementar, entre si e em parceria com a academia, com atendimento em todo o território nacional.
A rede é composta por 26 Institutos SENAI de Inovação. Desde a criação, em 2013, mais de R$ 1,2 bilhão foram mobilizados em 1.332 projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I). A estrutura conta com mais de 930 pesquisadores, sendo que cerca de 52% possuem mestrado ou doutorado. Por serem reconhecidos como Instituições de Ciência e Tecnologia (ICT), os Institutos SENAI de Inovação possuem acesso a diversas fontes de financiamento não-reembolsáveis para projetos de PD&I. Atualmente, 15 institutos compõem unidades EMBRAPII e possuem acesso direto a recursos para financiamento de projetos estratégicos de pesquisa e inovação.
(Imagem utilizada na abertura dessa reportagem ilustra projeto da microestação)